Fornecer aqui uma lista de portulanos seria de pouca utilidade uma vez que não dispomos de fac-símiles que permitam um exame mais aprofundado. Além disso, o estudo mais compensador exigiria não tanto o exame dos exemplares mais brilhantes ou famosos, como o Atlas Medici de 1351 ou o mapa dos irmãos Pizigani de 1367, como de dezenas de fragmentos, às vezes bem pequenos, que permitiriam avaliar a lenta construção do saber geográfico e das técnicas de desenho e pintura.
O que realmente nos interessa agora é que alguns pontos referentes aos portulanos fiquem bem fixados.
Em primeiro lugar, seu caráter eminentemente prático e vinculado às técnicas de navegação desevolvidas durante o período de expansão comercial européia no Mediterrâneo (o que não impede desenvolvimentos posteriores distintos, como os mapas catalães que agregam informações geográficas advindas de outras fontes que não a experiência do mar).
Em segundo lugar, seu aspecto original (já que uma origem árabe está completamente afastada) pela elaboração de um espaço cartográfico e um instrumental matemático inassimiláveis seja à navegação por alturas, seja às "imagens do mundo".
Em terceiro lugar, o novo "lugar social" da produção cartográfica e de seus desenhistas, eminentemente urbano e capitalista. Este mapa é feito para ser vendido.
Por fim, os problemas específicos envolvidos em sua construção: ausência de conhecimento da declinação magnética, de qualquer rudimento de projeção, etc.
Se os mapas catalães representam, pela incorporação de informações não diretamente ligadas à navegação, uma parcial influência da cartografia latina tradicional (e igualmente da cartografia árabe), vejamos agora como as concepções dos portulanos se agregaram a esta cartografia.
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